Gestão de caixa em tempos de crise - Parte 1

Sérgio Eustáquio Pires   
Colaborador da Valor Agregado Consultores

 

Nestes tempos de crise, a recomendação para a área de finanças das empresas é não se preocupar com o lucro, mas concentrar todas as energias na gestão do caixa. Os lemas são: “Priorize o caixa!”; “Cash is king!”; “Coloque o dinheiro no caixa e esconda a chave do cofre!”.
Mas o que, realmente, afeta o caixa da sua empresa? Quais são as decisões que você toma, tanto de curto, quanto de longo prazo, que afetam o caixa da sua empresa?
Uma boa metodologia a ser utilizada na gestão do caixa é o Modelo Dinâmico de Análise Financeira, também conhecido como “Modelo Fleuriet”, elaborado pelo Professor Michel Fleuriet.
A equação fundamental do modelo dinâmico é:

T = CDG – NCG
onde:
T - Saldo de Tesouraria (caixa líquido da empresa, ou seja, disponibilidades menos dívidas financeiras de curto prazo).
CDG - Capital de Giro.
NCG - Necessidade de Capital de Giro.
Por essa equação, podemos deduzir, matematicamente, que o saldo de caixa de uma empresa é o resultado da combinação de duas variáveis: CDG e NCG. Assim, a gestão do caixa passa necessariamente pela gestão do Capital de Giro e da Necessidade de Capital de Giro.
Cabe ressaltar que cada empresa tem características e peculiaridades específicas ao seu modelo de negócios e ao seu segmento de atuação. Portanto, algumas recomendações, especialmente no que tange à Necessidade de Capital de Giro – NCG, podem ser aplicáveis a algumas empresas e, a outras, não.
Neste artigo, vamos nos ater à variável “Capital de Giro – CDG”.
Na prática, observarmos que, com frequência, o capital de giro é confundido com a necessidade de capital de giro, e vice-versa. Outra confusão muito comum em relação ao capital de giro é a concepção de que capital de giro é ter dinheiro em caixa. Uma empresa pode ter capital de giro positivo sem um único centavo em caixa e, também, pode manter aplicações financeiras e disponibilidades no curto prazo e não ter capital de giro. Portanto, capital de giro não significa, definitivamente, dinheiro em caixa.

Para melhor compreendermos o conceito e quais são os fatores e as decisões tomadas pela empresa que afetam o seu capital de giro, vamos dividir o balanço patrimonial em duas partes: curto e longo prazos.
No curto prazo, temos dois grupos: Ativo Circulante (aplicações resgatáveis em até um ano) e Passivo Circulante (dívidas, financiamentos, capitais de terceiros, que devem ser liquidados em até um ano).
No longo prazo, temos, no Ativo, o Ativo Não Circulante, que é composto por aplicações resgatáveis com um prazo de liquidação superior a um ano, como, por exemplo, impostos diferidos, depósitos judiciais, cauções, e créditos junto a terceiros ou partes relacionadas. Também fazem parte do Ativo Não Circulante as aplicações sem prazo definido de resgate, como Investimentos (participações em outras empresas), Imobilizado (máquinas, equipamentos, instalações, móveis, imóveis, veículos, dentre outros) e o Intangível (marcas, patentes, direitos de uso, licenças de softwares, dentre outros). Por fim, também compõem o Ativo Não Circulante a Depreciação Acumulada e a Amortização Acumulada, que são contas redutoras do Imobilizado e do Intangível, respectivamente.
No Passivo, temos o Passivo Não Circulante (dívidas e/ou financiamentos de terceiros com prazo de liquidação superior a um ano) e o Patrimônio Líquido (capital dos proprietários da empresa, como sócios, acionistas, e cooperados).
O que vem a ser, então, o Capital de Giro de uma empresa?
Capital de Giro é uma parte dos financiamentos de longo prazo (Passivo Não Circulante + Patrimônio Líquido), que está aplicada no curto prazo (Ativo Circulante), com o objetivo de manter determinado nível de liquidez (capacidade de pagamento).
Portanto, uma empresa tem capital de giro quando o valor total dos seus financiamentos de longo prazo (Passivo Não Circulante + Patrimônio Líquido) é superior ao valor total das suas aplicações de longo prazo (Ativo Não Circulante). 

CDG Sergio
No Balanço Patrimonial ilustrado acima, a empresa tem financiamentos de longo prazo (PNC + PL) maiores do que as aplicações de longo prazo (ANC). Portanto, essa empresa tem Capital de Giro positivo, maior do que zero.
Assim, podemos definir, matematicamente, o capital de giro como:
CDG = (PNC + PL) – ANC

onde:
CDG - Capital de Giro.
PNC - Passivo Não Circulante (dívidas e/ou capital de terceiros de longo prazo).
PL - Patrimônio Líquido (capital dos proprietários da empresa).
ANC - Ativo Não Circulante (aplicações com prazo de resgate superior a um ano).
Através dessa equação, podemos compreender melhor quais são as decisões que levam ao aumento ou à redução do capital de giro de uma empresa.
Os fatores que aumentam o capital de giro de uma empresa são:
• Alongamento do perfil da dívida, o que significa, na prática, renegociar dívidas de curto prazo (um ano ou menos) para o longo prazo (mais de um ano);
• Captação de empréstimos de longo prazo, com carência superior a doze meses;
• Aporte de capital por parte dos proprietários da empresa;
• Geração de lucro, o que aumenta o valor do Patrimônio Líquido;
• Não distribuição de lucros, dividendos, juros sobre o capital próprio ou participações nos lucros, o que evita a redução do valor do Patrimônio Líquido;
• Paralisação dos investimentos em ativos fixos em andamento e a não realização de novos investimentos de longo prazo, o que evita o aumento do Ativo Não Circulante;
• Alienação de ativos obsoletos ou de baixa utilização, o que reduz o valor do Ativo Não Circulante.
O capital de giro é muito importante na gestão da liquidez, uma vez que é um recurso de longo prazo financiando as necessidades operacionais de curto prazo da empresa. Em tempos de crise, é essencial procurar manter e, se possível, aumentar o valor do capital de giro da sua empresa.
Porém, mesmo tendo capital de giro positivo, uma empresa pode, ainda assim, apresentar problemas de liquidez, isso é, encontrar dificuldades para pagar suas contas nas datas de vencimento. Capital de Giro é apenas uma parte do problema, uma das três variáveis da equação fundamental do Modelo Dinâmico.
Se a empresa apresentar Necessidade de Capital de Giro – NCG positiva e esta for maior do que o Capital de Giro – CDG, a empresa vai ter seu risco financeiro de curto prazo aumentado, pois precisará buscar financiamentos não operacionais de curto prazo para honrar seus compromissos.
Precisamos então, não só compreender o que é o capital de giro e quais são os fatores que o afetam, como também conhecer, saber calcular e compreender a dinâmica da Necessidade de Capital de Giro - NCG da empresa.

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Faça a roda da economia girar

 Sérgio Eustáquio Pires. 
Colaborador da Valor Agregado Consultores.


 Mesmo que você tenha tempo e disposição, não capine o seu quintal, não arrume seu jardim. Se você tem condições de pagar $150,00, contrate um jardineiro para fazer este serviço. Não dê faxina em sua casa. Se você pode desembolsar $120,00, chame uma diarista. Apenas supervisione, oriente. Ao invés de você mesmo lavar seu carro, se você pode pagar $50,00 por este serviço, leve-o até uma esquina ou um lava rápido aí mesmo no seu bairro. Não seja a manicure da sua amiga, da sua irmã, da sua filha ou da sua mãe, para que, em seguida, ela seja a sua manicure. Ao invés de fazer essa troca de favores ou gentilezas, se você pode pagar $40,00, chame uma manicure para fazer suas unhas. Não guarde seu dinheiro, faça-o circular! 

O dinheiro com o qual você vai pagar ao jardineiro, à diarista, ao lavador de carros ou à manicure, será utilizado por estas pessoas para satisfazer suas necessidades básicas. Normalmente, estes profissionais, que trabalham de forma autônoma, vão suprindo suas necessidades (de alimentação, de vestuário e outras) à medida que vão conseguindo arranjar serviço. O dinheiro que eles recebem em um determinado dia supre suas necessidades mais imediatas, como, por exemplo, a alimentação. Após prestarem os serviços a você, estes profissionais certamente passarão em uma padaria, um mercadinho ou sacolão, para levar alimentos para suas famílias. Parte do que eles ganharam será deixado nestes estabelecimentos comerciais.
Tendo vendido, estes estabelecimentos comerciais farão a reposição dos seus estoques, comprando mais mercadorias dos seus fornecedores, que normalmente são os atacadistas. Estes atacadistas, por sua vez, também terão que repor os estoques das mercadorias vendidas e farão novas encomendas aos fabricantes.
Tendo pedidos, as indústrias manterão e/ou aumentarão o número de funcionários, gerando mais empregos, além de adquirir matérias primas e insumos para fabricar os produtos, para atender aos pedidos dos atacadistas. Em toda essa cadeia produtiva, nas transações comerciais do trabalhador autônomo com o mercadinho da esquina do seu bairro, até às grandes fábricas, são gerados tributos, que serão recolhidos aos governos municipal, estadual e federal.  Arrecadando os tributos, os governos (municipal, estadual e federal) terão condições de oferecer à população vários serviços públicos, tais como: a escola do seu filho, o posto de saúde do seu bairro, a iluminação pública da rua onde você mora, programas sociais e outros. Essa grande “roda da economia”, que movimenta bilhões, trilhões, funciona a partir destes pequenos movimentos (da contratação de uma diarista, de uma manicure, de um jardineiro, da venda de pão e leite, de verduras e legumes). Não deixe seu dinheiro parado! Faça-o girar! Dinheiro parado não gera riqueza ou, quando gera, o faz apenas para uma pessoa ou uma empresa. Dinheiro em circulação gera riquezas para muitas pessoas. Essa “roda da economia” precisa girar cada vez mais, para que essa crise passe mais rápido. Se você tem condições, crie oportunidades de trabalho, prestigie o comércio e a rede de serviços de seu bairro. Você ajudará outras pessoas e a si mesmo. Pense nisto!

Você já  pensou em SUCESSÃO FAMILIAR?

Leia o post O QUE É SUCESSÃO FAMILIAR (Leia, mesmo que você não seja um empresário)

Conheça também o processo HERANÇA SEM CONFLITO!  

 

Quanto custa seu carro por mês, você sabe?

Carro é solução ou problema? 

Custo carro fig 6Comprar um carro novo, muitas vezes, é a realização de um sonho, uma conquista, recompensa de esforços pessoais. Muitas pessoas ainda consideram o carro como um bem. Alguns exageram um pouco e o consideram como um patrimônio. Mas, muitas pessoas já questionam a necessidade de comprar um carro. Se você está pensando no assunto, me acompanhe até o final. Vamos falar do custo fixo que você tem, simplesmente porque comprou o carro. Você poderá se surpreender. Continue comigo.

Por que o Brasil não se desenvolve?

Observe a charge abaixo. Exemplifica bem nossa conversa.

Governo extrativista

Na década de 1980 a China era muito mais pobre que o Brasil. Hoje é a segunda economia do mundo e nós continuamos marcando passo sem avançar. Por quê?
Estamos passando pela mais longa recessão econômica e temos poucos sinais de recuperação da economia. Muita expectativa foi criada com a posse do novo governo, mas nada está acontecendo. Continue comigo e vamos conversar sobre isso. 

Cofre de porquinho sendo quebrado

Novo governo, está na hora de investir?

O que podemos esperar do ambiente econômico

Professor, está na hora de investir? Esta é uma pergunta que tenho escutado várias vezes depois da posse do novo governo. No artigo anterior “Passadas as eleições, o que podemos esperar da economia?”, construí dois cenários para a economia brasileira. Agora está na hora de aumentar as apostas em um dos cenários. Quer saber qual? Continue comigo.

Urna eletrônica e grafico em queda

Passadas as eleições, o que podemos esperar da economia?

Cenários da economia para orientar suas decisões

Os resultados das eleições mostraram uma mudança bastante profunda no equilíbrio das forças dos diversos segmentos sociais, refletindo evidentemente os anseios e as visões políticas das pessoas.
Independentemente da posição política de cada um, todos os cidadãos querem ver o País retornar ao rumo do crescimento porque, é claro, todos queremos um amanhã melhor. Esperar ou desejar o pior é sinal de insensatez.

Assim, acredito que todos temos em nossas mentes a pergunta: o que podemos esperar para os próximos anos?

Vamos conversar sobre isso? Continue comigo.

Criação de garra para sucesso, está preparado?

Sucesso é igual a preparação mais oportunidade.

Esforco e garra

Todos os dias vemos na imprensa exemplos de pessoas que nasceram pobres, geralmente em comunidades, e que conseguiram sucesso. Não estou falando de jogadores de futebol, mas de pessoas que seguiram carreiras intelectuais. Quando perguntadas sobre as dificuldades que enfrentaram, geralmente respondem: “Meu ambiente não ajudava, todos diziam para eu desistir porque não conseguiria. Mas eu acreditava.”. Ou seja, lutaram contra a ideia geral e não tinham exemplos para seguir. Por que conseguiram? Continue comigo.

Além de talento e sorte, o que mais para o sucesso?

Talento é inato, sorte....é sorte. O que está a nosso alcance?

Caminho do sucesso

Além das qualidades pessoais mostradas em nossa conversa anterior, que mais podemos fazer para termos sucesso? Essa é uma questão que tem sido investigada nas pesquisas sobre a psicologia do sucesso. Todas as pesquisas mostram que, qualquer que seja o campo de atuação do entrevistado, as pessoas bem-sucedidas têm talento e, também, sorte.Mas também mostram que há muitos casos de estrelas promissoras (artistas, atletas, profissionais, empreendedores, etc.) que desistiram ou perderam o interesse antes de concretizarem seu potencial. Então, além de talento e sorte, existe algum outro fator que conduz as pessoas ao sucesso.

Ganhar dinheiro para construir riqueza

OS DESAFIOS DOS CENÁRIOS FUTUROS

Caminho da riquezaSe quisermos criar riqueza pessoal para garantirmos nossa segurança e comodidade futuras, com envelhecimento tranquilo, vamos precisar desenvolver nossa capacidade de ganhar dinheiro.Se quisermos criar riqueza pessoal para garantirmos nossa segurança e comodidade futuras, com envelhecimento tranquilo, vamos precisar desenvolver nossa capacidade de ganhar dinheiro.Você está preparado ou se preparando para ter capacidade de ganhar dinheiro? Quer saber o que precisa? Continue comigo

Construção de sua riqueza pessoal – vamos conversar?

Envelhecimento e aposentadoria. Hora de curtirmos o que conquistamos e construímos em nossa vida. A demografia mostra, as pessoas estão ficando cada vez mais velhas, vivendo mais. Não é uma ótima notícia? Claro que é. Mas para termos uma terceira idade com tranquilidade precisamos elaborar e cumprir um planejamento ao longo de nossa vida que leve em conta vários aspectos. Ficou interessado em saber como? Continue comigo.

O “conto do vigário”: juro 0% ao mês

Financiamento com juro de 0% ao mês – você acredita? Vamos conferir?

Eduardo Leopoldino de Andrade
Valor Agregado Consultores

Quantas vezes você se deparou com a proposta de parcelamento de uma compra em quatro vezes sem juros? Ninguém acredita que alguém vá vender algo, com o pagamento em parcelas, sem incluir um sobrepreço a título de juro. O problema é como descobrir qual é o juro que o vendedor embutiu no preço.

Gestão do caixa em tempos de crise - Parte 2

Sérgio Eustáquio Pires
Colaborador da Valor Agregado Consultores

No artigo ANTERIOR abordamos a gestão do caixa à luz do Modelo Dinâmico de Análise Financeira, mostrando como, através de suas variáveis, podemos melhor compreender como o caixa da empresa é afetado, e, a partir daí, vislumbrar possibilidades que permitam gerenciar melhor o saldo de tesouraria.
Com base na equação fundamental do modelo, T = CDG – NCG, nosso foco no primeiro artigo foi a variável “Capital de Giro”, demonstrando como suas variações impactam o valor do caixa da empresa. Tratamos das decisões de longo prazo, aquelas que alteram os valores dos grupos de contas do Ativo Não Circulante, Passivo Não Circulante e Patrimônio Líquido.
Neste artigo vamos discorrer sobre as decisões de curto prazo, já que são estas que afetam a segunda variável do modelo dinâmico, a Necessidade de Capital de Giro – NCG.
Porém, antes de entrar neste assunto da NCG, faz-se necessário abordar um aspecto econômico, o lucro. Ele é oriundo de decisões de curto prazo, mas afeta o longo prazo, na medida em que compõe o Patrimônio Líquido, que, por sua vez, impacta o capital de giro – CDG da empresa. Torna-se, portanto, imprescindível colocar neste momento a questão do resultado econômico, especialmente neste ambiente de crise. A redução/adequação dos custos e despesas ao novo patamar de receita é, para muitas empresas, imperiosa e urgente, questão de sobrevivência.
Vamos ilustrar com números esta colocação. Observe o exemplo no quadro abaixo:

Gestao caixa 2 fig1 cor